'Eu gosto de viver. Já me senti ferozmente, desesperadamente, agudamente infeliz, dilacerada pelo sofrimento, mas através de tudo ainda sei, com absoluta certeza, que estar viva é sensacional.'

Agatha Christie.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Ouvindo 'Mais um Rosto', da vaca da Sandy.

Hoje acordei com vontade de gritar. A culpa é da vaca da Sandy, com aquelas músicas emos dela. Aquela mimosa leiteira. Cara, eu comecei a chorar feito uma criancinha do nada ontem à noite. Fiquei ouvindo Paralamas do Sucesso - pra sentir mais vontade ainda de cortar os pulsos - e lendo meu anuário de noivas da Caras. Adoro olhar pra ele. Foram os 24,90 reais mais bem gastos da minha vida. Nada ali é acessível pra mim num casamento, claro. Mas é tão mágico. Quando eu planejo meu casamento, é, eu tô falando sério, meu casamento, eu me acalmo, sempre e em qualquer circunstância.

O maior baque da minha vida até os 10 anos não foi meu pai ter morrido, foi eu ter saído do Rio de Janeiro. Não que eu não sentisse falta do papai, mas eu não perdi  meu pai. Eu perdi a minha vida toda, que teve que ser recontruída em um lugar que todo mundo ria dos meus modos educados e do meu chhhhhhiado de carioca. Depois eu comecei a me acostumar com o interior do Ceará, e olha... Não foi fácil. Não tinha praia, shopping, McDonalds. Tinha uns primos, uns colegas, uns parentes, uma tia chata que morava na minha casa e meus avós, fora minha mãe, coitada, que sempre chora comigo até hoje por a gente não ter controle sobre nossa vida.

Depois, o maior baque da minha vida foi a passagem da sétima série para a oitava. Foi quando eu tinha começado a me acostumar - depois de sete anos - com o colégio pequeno e com as pessoas dele. Eu comecei a fazer educação física - eu era a melhor no time das piores e a pior no time das melhores, o que dificultava tudo pra me encaixar em algum grupo. Mas eu estava gostando daquilo. Às vezes, eu ia à casa da Nêm, minha amiga mais antiga naquele fim de mundo. A gente conversava à noite durante horas, era tão divertido! E as rodadas de verdade ou desafio? Nossa, eu perdi minha inocência na casa da Nêm. Aí, eu saí da Bambino e fui fazer a oitava série no CVC. Ele era bem maior que a Bambino, mesmo ainda sendo pequeno. As pessoas não tinham a camaradagem que a Bambino tinha. No Vale do Curtume eu aprendi a me virar sozinha.

Só que foi lá que eu conheci a Brisa. Minha melhor amiga até agora. Talvez a única amiga que eu nunca briguei, nunca me decepcionei, a que eu mais confiei, a que eu mais amei. Ela, a Nêm e a Nássara foram as amigas mais maravilhosas que eu poderia ter tido a vida inteira. O Ruan e o Diogo, os amigos mais leais. Só que com eles mudou muita coisa, distância e tal. Com elas não, pelo menos não com a Nêm e a Brisa.

Eu entrei pra Pastoral da Juventude da Igreja em Nova Russas, organizava as missas, as festas de agosto, e tudo que era de religioso lá em Nova Russas. Eu participava do quarteto fantástico. Eram eu, a Amanda, a Karina e a Tati. Mas o quarteto começou a trincar um pouco. Enfim, nós éramos as mais loucas da Pastoral, as mais animadas, as mais... Amigas. Até que acabou o ano. E eu vim pra Fortaleza.

Não, vejam bem, eu já sabia, eu sempre soube que eu tinha que vir pra Capital estudar no ensino médio. Mas a  minha oitava série, meus quatorze anos foram tão intensos, que eu simplesmente tinha me habituado a ficar naquele pacato fim de mundo, onde Judas perdeu as cuecas. Sofri mais uma vez e foi horrível sair de lá, e perder tudo de novo.

Aqui em Fortaleza, me adaptei de uma forma surpreendente. Líder de sala, milhões de amigos, certa popularidade, felicidade plena e eterna com colegas, coordenadores, professores e auxiliares de coordenação. E eu comecei a perceber que o tempo estava passando de novo e que eu ia sofrer de novo na partida.

Durante um tempo pensei em uma coisa: Sempre eu mudava, sempre eu sofria e sempre eu acabava ficando melhor que antes. E foi com essa confiança que eu fui feliz para o vestibular. Foi com essa confiança que eu passei em segundo lugar para um curso mais concorrido que medicina. Foi com essa confiança que eu disse 'tchau' sem culpa pro FB.

Mas eu percebi que passar no vestibular acabou com a minha vida. Não, não 'acabou com a minha vida', mas com a minha VIDA, entende? Eu adoro o pessoal, quê isso, muita gente legal da Gastronomia, e eu tenho um carinho imenso pelo Paulo, meu professor lindo e tal. Mas a cada dia que passa, eu me vejo tão enclausurada em mim mesma, sem a minha alegria, tão própria de mim. Eu estou tão nostálgica, pensando no Farias Brito, no meu primeiro ano, meu começo, no segundo ano, o melhor de todos, e no terceiro ano, nossa, como foi intenso meu terceiro ano.

Eu penso no Pedro Matheus, por mais que ele tenha e tratado como um mulambo velho. Eu penso no meu vizinho do 302 SIM, independente de tudo e não tenho mais porque negar isso. Eu sinto atração por pessoas, não pelo sexo delas. Eu penso o tempo todo em como seria se eu saísse de casa, em como eu seria mais feliz ou não. Eu penso em como seria se eu nunca tivesse terminado com o Nícolas ou com o Estêvão, em como seria se o Pedro ou o Rodrigo tivessem me pedido em namoro, em como seria se a Nêm e a Brisa viessem morar em Fortaleza, em como seria se eu ganhasse na loteria, em como seria se eu tivesse feito jornalismo, em como seria se eu nunca tivesse criado esse blog pra desabafar pra mim mesma, mesmo me expondo tanto, em como seria se eu tivesse ficado com a Mariana, em como seria se eu passasse na merda de algum concurso público que todo mundo tenta me empurrar goela abaixo, e quanto mais eu penso, mais eu vejo que eu só penso, e não faço porra nenhuma.

Eu vejo como eu sou impotente agora. Em como eu sou inútil e inválida, de amor e de todo o resto. Eu vejo o quanto eu estou depressiva e como eu não tenho mais esperanças. Eu vejo como cada vez mais minha vida amorosa anda naufragando, só porque eu nunca me decido. Eu vejo como meus amigos sentem medo que eu faça alguma besteira e como eles se desesperam por não poderem me ajudar. Eu vejo como eu sempre acabo brigando com alguém na família, especialmente quem eu mais amo, como minha mãe ou minha madrinha. Eu vejo que a única coisa que tá dando muito certo na minha vida é a minha caminhada na Igraja, por mais brega que possa parecer. Acho que o que ainda me faz levantar é saber que eu tenho um Deus que olha por mim, porque se dependesse do resto...

Gente, eu não tô legal. Definitivamente.


''Eu olho para todas as possibilidades e não saio do lugar, seguro os cacos do meu coração de vidro e finjo que sei aonde eu vou.''
Átila Frank.

1 comentários:

Tangerina disse...

Mãe.

Eu te amo MUITO, mãe.

... Eu queria dizer outra coisa, mas é só isso. Eu te amo muito.

 

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