É isso aí. Tô estressada pra caralho. É, 'tô falando palavrão pra porra. Quando eu me estresso, eu falo palavrão pra cacete. E escrevo também. Puta merda, eu 'tava bem, sabe? Ontem foi aniversário do Tyquim, fui lá, dei uma blusa de Super-Tyquim pra ele, ele ficou feliz, eu também, eu 'tava bem. Aí eu fui lá pra Unifor fazer o trabalho de Segurança da Adriana com a Fernanda, eu tava bem. Comprei meu alargador, cheguei em casa, voltei pra UFC, eu 'tava bem.
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Aí aconteceu. Aula da Deisemer. A aula dela é muito parada, a mulher fala muito. Cara, a Deise é a professora mais inteligente que a gente tem. mas ela não é objetiva, sabe?, aí é um saco. Ela enrola demais, e no fim das contas, volta pro mesmo lugar. E a cadeira dela é Metodologia Científica, o que caga o pau, porque é obrigatória e ainda por cima tem quatro créditos.
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O que é mais dorgas é que eu não faço ideia de como aquelas discussões podem ajudar a gente a fazer pesquisas. Só agora que 'tá ficando mais claro, sabe? No começo era só falando de relações de poder. Puta merda, o que isso tem a ver com a minha cadeira de Metodologia? Ah, sei lá, 'tô pensando se gastronomia faz sentido pra mim, sinceramente.
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Enfim, eu não tô com raiva por causa da Deise, claro, ela é um amor, a 'bixinha'. Eu pedi a palavra na aula dela. Tipo, a Deise tem problemas sérios de visão, porque toda aula eu tento ser educadinha e levanto a mão p'ra falar, mas ela nunca me dá a palavra. E eu ainda tô doente. E ainda tô hiper indecisa com um monte de coisa, inclusive com Gastronomia. E ontem, excepcionalmente, ela me deu a palavra. Eu pensei 'milagre divino' e comecei a falar que era difícil pra gente que 'tava saindo do ensino médio acompanhar o raciocínio dela, fora os textos que são complicados e tal. E também que eu não sabia direito o que ela queria que a gente fizesse com os textos e que ela ensinasse pra gente, principalmente, o que fazer.
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Aí aconteceu. A Luciane falou EXATAMENTE assim: 'Ai, meu povo, pelo amor de Deus, olha no Google, tem um monte de modelo de fichamento, a gente tá numa faculdade, não é mais no colégio, tem que ir atrás, pelo amor de Deus.'
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Ela disse 'Deus' duas vezes.
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O problema, de verdade, não foi ela ter dito isso. Primeiro, ela foi mal-educada. Uma coisa é ser grossa, outra compleamente diferente é ser mal-educada. Ela me interrompeu. Eu pedia a palavra a semanas. E ela falou como se fosse a primeira da sala e fizesse as porras dos fichamentos da Deise. Duvido que aquela vaca faça alguma coisa, filha da puta. Ah, me poupe! Tô estressada e sem escrúpulos hipócritas.
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O que me deixou pior foi que a 'Larinha', a Lilica, o Alex, o Mavignier, a Patrícia e... e o Boto riram. Ah, fodam-se os outros, mas o Boto rir, véi... me magoou seriamente. Eu sei que ele é amigo delas, mas ele é meu amigo também. Nessas horas é necessário muita imparcialidade. E ele me ridicularizou. Só eles riram na sala toda quando a Lu falou. E pra mim, só importou que ele riu. Eu adoro o Boto, mas de verdade, eu nunca faria isso se fosse o contrário.
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No fim da aula ele veio me procurar. Perguntar porque eu 'tava estranha com ele. E quando eu disse, ele deu a entender que eu estava sendo infantil. 'Tá, eu sou infantil então. Mas eu não 'tava bem. E ver o Jair rindo de mim me quebrou, de verdade. E que eu seja infantil, então. Mas eu não queria falar com ele com raiva, ia acabar chorando feito uma... criança. Não 'tava afim disso.
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O que me salvou de falar merda foi o Bruninho. Na hora que a Luciane me interrompeu eu fiquei tão puta que até o nome dela eu esqueci na hora. Mas o Bruno disse na mesma hora 'No Google? Mas a gente não tá fazendo curso à distância, oras.'
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Cara, eu amo o Bruno. E é nessas horas que a gente avalia quem é amigo de verdade ou não. E eu tô em dúvidas em relação a um certo cetácio. Saindo agora, tenho que fazer os slides da Adriana. Até o próximo desabafo.
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