'Eu gosto de viver. Já me senti ferozmente, desesperadamente, agudamente infeliz, dilacerada pelo sofrimento, mas através de tudo ainda sei, com absoluta certeza, que estar viva é sensacional.'

Agatha Christie.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A gata e a garota.

Ela estava sentada em frente ao bloco onde estava acontecendo a prova. Meio estranha com tudo que falaram pra ela naquele dia. Sentada naquele banco, ela tinha noção de que precisava fazer a prova com urgência, antes que a professora não a deixasse mais fazer. Mas o banco e a solidão plena era tão mais reconfortante que a prova que ela nem estudou pra fazer...

Dez minutos no escuro do lado de fora da sala. Não, ela não ia mais fazer nada. Até que apareceu uma gatinha e se deitou no chão, há uns três metros de distância dela. Nossa, que saudade que a garota tinha da sua gata, tão sozinha em casa. A garota estalou os dedos para a gata vir, cansada daquela solidão. Ela veio e pulou em seu colo. Assustada mas agradecida, a garota fez carinho na sua nuca, com todo cuidado possível pra que a gata não a mordesse. Por mais que ela fosse linda, não se podia arriscar, afinal, era uma gata de rua. E deveria estar grávida.

Os minutos passaram e a garota chorava enquanto acarinhava a gatinha, que ronronava calmamente em sua mochila agora, já que ela cansara do seu colo. De repente, uma mulher saiu do bloco com umas caixas e a chave do seu carro balançava. A gata saiu correndo atrás da mulher, miando insistentemente. A garota ficou sozinha de novo, vendo a gata seguir aquela desconhecida, que entrava no carro espantando a pobre gatinha. Arrancou e fugiu. A gata ficou olhando para a distância rápida que o carro vermelho tomava. Deitou-se no chão e ficou olhando para lá.

A garota se lembrou que tinha a chave de casa na mochila. Começou a balançar insistentemente o chaveiro, e chamava a gata, que não vinha. Tudo bem, ela gostava da independência dos gatos. Mesmo que às vezes eles fossem escrotos. Sozinha de novo, mas sem chorar. A lembrança da gatinha no colo lhe bastava. Lembrou-se de sua gata e de como ela nunca havia feito isso. Ingrata. Tanto carinho, tanto amor dedicado, pra uma gata de rua vir e fazer o que ela nunca fez. Ela iria ter uma conversa séria com a gata, afinal, isso não se faz.

De repente, eis que a gata pula novamente em seu colo, inesperadamente. E ronrona, antes mesmo do carinho. Com um sorriso a garota falou 'cansou de esperar a mulher do carro vermelho?' Depois da bronca, a gata fechou novamente os olhos até a hora da menina desistir e ir para casa. Foi difícil deixá-la, mas uma gatinha a esperava em casa também.

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